quinta-feira, 23 de fevereiro de 2012

1EM: Texto narrativo/4

J. K. Rowling

Então, ela fechou os olhos e várias coisas aconteceram ao mesmo tempo: a cicatriz de Harry ardeu dolorosamente; a Horcrux vibrou tanto que o peito do suéter do garoto chegou a mexer; o quarto escuro e fétido se dissolveu momentaneamente. Ele sentiu uma súbita sensação de alegria e falou com uma voz aguda e fria: segure-o!

Harry oscilou sem sair do lugar: o quarto escuro e malcheiroso pareceu tornar a se fechar ao seu redor; ele não sabia o que acabara de acontecer.

— A senhora tem alguma coisa para mim? — perguntou, pela terceira vez, bem mais alto.

— Aqui — sussurrou ela, apontando para um canto. Harry ergueu a varinha e viu os contornos de uma penteadeira muito cheia sob uma janela com cortinas.

Desta vez, Batilda não foi à frente. Harry passou entre ela e a cama desfeita, a varinha erguida. Não queria tirar os olhos dela.

— Que é? — indagou ao chegar à penteadeira em que havia uma pilha de alguma coisa que, pelo cheiro e aspecto, parecia roupa de cama suja.

— Ali — disse ela apontando para a massa informe.

E, no instante em que ele virou a cabeça e varreu com o olhar o amontoado confuso à procura de um punho de espada, um rubi, ela fez um movimento estranho: Harry percebeu-o pelo canto do olho; o pânico fez com que se voltasse e o horror o paralisou ao ver o velho corpo se despojar e uma grande cobra sair do lugar onde fora o pescoço da bruxa.

A cobra atacou-o quando ele ergueu a varinha: a força da mordida em seu braço fez a varinha girar para o alto em direção ao teto, sua luz rodopiou sem direção pelo quarto e se apagou: então, um poderoso golpe de cauda em seu diafragma deixou-o completamente sem ar: ele tombou de costas sobre a penteadeira, no meio do monte de roupa imunda...

Harry rolou para o lado, evitando, por um triz, o rabo dacobra, que golpeava a penteadeira onde ele estivera um segundo antes; cacos da superfície de vidro choveram sobre ele quando bateu no chão. Lá de baixo, ele ouviu Hermione chamar:

— Harry?

Não conseguiu, porém, repor ar suficiente nos pulmões para responder: então uma massa lisa e pesada esmagou-o contra o chão e ele a sentiu deslizar por cima dele, forte, musculosa...

— Não! — ofegou, preso ao chão.

— Sim — sussurrou a voz. — Sssim... seguro você... seguro você...

— Accio... Accio varinha...

Nada aconteceu, porém, e ele precisava das mãos para tentar empurrar para longe a cobra que se enrolava em torno do seu tronco, tirando-lhe o ar, comprimindo a Horcrux contra seu peito, um círculo de gelo que pulsava de vida, a centímetros do seu próprio coração disparado, e seu cérebro se inundava de luz branca e fria, obliterando todo pensamento, sua respiração sufocada, passos distantes, tudo indo...

(extraído de: ROWLING, J. K. O segredo de Batilda. In: Harry Potter e as relíquias da morte. Tradução de Lia Wyler. Rio de Janeiro: Rocco, 2007. cap. 17, p. 267-268.

1º bimestre, atividade 3
24/2/2012

Reescreva o trecho acima assumindo como foco o do narrador protagonista.  

Formato: fonte Times New Roman, corpo 12, entrelinha 1,5.
Salve o arquivo como 1EM_103_Seu nome e envie-o anexado por e-mail ao professor, com o assunto 1EM.

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