J. K. Rowling
Então, ela fechou os olhos e várias coisas aconteceram ao mesmo tempo: a cicatriz de Harry ardeu dolorosamente; a Horcrux vibrou tanto que o peito do suéter do garoto chegou a mexer; o quarto escuro e fétido se dissolveu momentaneamente. Ele sentiu uma súbita sensação de alegria e falou com uma voz aguda e fria: segure-o!
Harry oscilou sem sair do lugar: o quarto escuro e malcheiroso pareceu tornar a se fechar ao seu redor; ele não sabia o que acabara de acontecer.
— A senhora tem alguma coisa para mim? — perguntou, pela terceira vez, bem mais alto.
— Aqui — sussurrou ela, apontando para um canto. Harry ergueu a varinha e viu os contornos de uma penteadeira muito cheia sob uma janela com cortinas.
Desta vez, Batilda não foi à frente. Harry passou entre ela e a cama desfeita, a varinha erguida. Não queria tirar os olhos dela.
— Que é? — indagou ao chegar à penteadeira em que havia uma pilha de alguma coisa que, pelo cheiro e aspecto, parecia roupa de cama suja.
— Ali — disse ela apontando para a massa informe.
E, no instante em que ele virou a cabeça e varreu com o olhar o amontoado confuso à procura de um punho de espada, um rubi, ela fez um movimento estranho: Harry percebeu-o pelo canto do olho; o pânico fez com que se voltasse e o horror o paralisou ao ver o velho corpo se despojar e uma grande cobra sair do lugar onde fora o pescoço da bruxa.
A cobra atacou-o quando ele ergueu a varinha: a força da mordida em seu braço fez a varinha girar para o alto em direção ao teto, sua luz rodopiou sem direção pelo quarto e se apagou: então, um poderoso golpe de cauda em seu diafragma deixou-o completamente sem ar: ele tombou de costas sobre a penteadeira, no meio do monte de roupa imunda...
Harry rolou para o lado, evitando, por um triz, o rabo dacobra, que golpeava a penteadeira onde ele estivera um segundo antes; cacos da superfície de vidro choveram sobre ele quando bateu no chão. Lá de baixo, ele ouviu Hermione chamar:
— Harry?
Não conseguiu, porém, repor ar suficiente nos pulmões para responder: então uma massa lisa e pesada esmagou-o contra o chão e ele a sentiu deslizar por cima dele, forte, musculosa...
— Não! — ofegou, preso ao chão.
— Sim — sussurrou a voz. — Sssim... seguro você... seguro você...
— Accio... Accio varinha...
Nada aconteceu, porém, e ele precisava das mãos para tentar empurrar para longe a cobra que se enrolava em torno do seu tronco, tirando-lhe o ar, comprimindo a Horcrux contra seu peito, um círculo de gelo que pulsava de vida, a centímetros do seu próprio coração disparado, e seu cérebro se inundava de luz branca e fria, obliterando todo pensamento, sua respiração sufocada, passos distantes, tudo indo...
(extraído de: ROWLING, J. K. O segredo de Batilda. In: Harry Potter e as relíquias da morte. Tradução de Lia Wyler. Rio de Janeiro: Rocco, 2007. cap. 17, p. 267-268.
1º bimestre, atividade 3
24/2/2012
Reescreva o trecho acima assumindo como foco o do narrador protagonista.
Formato: fonte Times New Roman, corpo 12, entrelinha 1,5.
Salve o arquivo como 1EM_103_Seu nome e envie-o anexado por e-mail ao professor, com o assunto 1EM.
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