Tomando como referência as orientações dadas sobre a elaboração de resumos (clique aqui), resuma os textos
“Como morreram os dinos”
(abaixo) e “Debaixo deste angu não tem caroço”
.
Escreva os dois resumos num único arquivo de Word, salvando-o como 2EM_104_Seunome.
Envie o arquivo para dcordas@terra.com.br, com o assunto 2EM.
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Como morreram os dinos
Fernando Reinach
A descoberta de que um asteroide atingiu a Terra e “o mundo mudou”, proposta inicialmente em 1980, foi amplamente comprovada nos últimos 30 anos.
Mas como explicar que nós, que existimos como espécie faz somente 1 milhão de anos, somos capazes de descobrir o que ocorreu 65 milhões de anos atrás?
Os dinossauros passeavam por todo o planeta. Seus ossos são encontrados em escavações na Índia, na China, na Europa e nas três Américas. Quando os cientistas escavam rochas que correspondem a períodos recentes, não encontram ossos de dinossauros. Os ossos só aparecem quando a rocha escavada é de uma época anterior ao fim do Cretáceo, que terminou 65 milhões de anos atrás. O impressionante é que os dinossauros desapareceram simultaneamente de todos os continentes. E não foram só os dinossauros: 60% da biodiversidade desapareceu junto com eles.
Nas rochas em que encontramos os últimos dinossauros também encontramos uma camada de pedras contendo uma grande quantidade de irídio. Essa camada está depositada em todos os continentes e mesmo em poços perfurados no fundo dos oceanos. É como se tivesse chovido irídio sobre o planeta.
Mas a espessura da camada que contém o irídio não é a mesma nos diversos continentes. Na Austrália e no Japão, ela tem menos de 1 centímetro de espessura; perto de Nova York, no Caribe e no oceano ao norte das Guianas, a camada é mais grossa, de 3 a 10 cm de espessura. Nas amostras do sul do México ou do Texas, a grossura da camada dessa “chuva de pedras” é de alguns metros. Mas basta chegar à península de Yucatán e a camada acumulada é de dezenas de metros. E o que você encontra exatamente no centro da região onde a camada é mais espessa? Um imenso buraco redondo, a cratera de Chicxulub.
Ela é enorme, 200 quilômetros de diâmetro. Os geólogos acreditam que a cratera tenha se formado por causa do impacto de um meteorito de mais de 10 km de diâmetro. São as pedras e a poeira (contendo irídio) levantadas por essa colisão que choveram sobre todo o planeta. Foi o fim dos dinossauros.
Soterramento e fome. Tudo bem, dirá seu filho, mas como morreram os dinossauros, cobertos de pedras? No México, talvez eles tenham sido soterrados, mas no resto do planeta eles provavelmente morreram de fome.
A análise dos outros componentes dessa camada de irídio conta o resto da história. No fundo dos oceanos, exatamente na mesma época, a velocidade de acumulação de um composto chamado calcita caiu drasticamente. Ela é sintetizada por pequenos animais marinhos, que combinam o cálcio e o gás carbônico. Os esqueletos de calcita desses animais se acumulam ao longo de milênios, formando grandes montanhas no fundo dos mares, os recifes de corais.
A drástica diminuição na velocidade de deposição de calcita sugere que grande parte desses animais também morreu logo após o impacto do meteorito. Os corais morreram porque se alimentam de algas microscópicas e não havia algas para comerem. E essas algas deixaram de existir porque ficou impossível fazer fotossíntese, como indicado por uma grande alteração na distribuição dos isótopos de carbono nessa época.
O que os cientistas imaginam é que a poeira e os resíduos do impacto do asteroide tornaram a atmosfera opaca por décadas, bloqueando a luz solar. E, sem luz, todo o sistema de produção de alimentos, algas e plantas terrestres parou de funcionar. Sem vegetais para comer, morreram os herbívoros; sem herbívoros para devorar, morreram os carnívoros, entre eles o preferido do meu filho, o Tiranossauro Rex. Foi o fim dos dinossauros e início da expansão dos mamíferos.
Esse acidente planetário mostra quão efêmera é a vida no nosso planeta. Um dia, os dinossauros dominavam o planeta; no outro, estavam extintos. Mas também demonstra o poder de recuperação da Terra. Milhões de anos depois, uma nova leva de seres vivos se espalhou pelo planeta, e o lugar do Tiranossauro Rex foi ocupado por um predador ainda mais perigoso, o Homo sapiens.
Fernando Reinach
A descoberta de que um asteroide atingiu a Terra e “o mundo mudou”, proposta inicialmente em 1980, foi amplamente comprovada nos últimos 30 anos.
Mas como explicar que nós, que existimos como espécie faz somente 1 milhão de anos, somos capazes de descobrir o que ocorreu 65 milhões de anos atrás?
Os dinossauros passeavam por todo o planeta. Seus ossos são encontrados em escavações na Índia, na China, na Europa e nas três Américas. Quando os cientistas escavam rochas que correspondem a períodos recentes, não encontram ossos de dinossauros. Os ossos só aparecem quando a rocha escavada é de uma época anterior ao fim do Cretáceo, que terminou 65 milhões de anos atrás. O impressionante é que os dinossauros desapareceram simultaneamente de todos os continentes. E não foram só os dinossauros: 60% da biodiversidade desapareceu junto com eles.
Nas rochas em que encontramos os últimos dinossauros também encontramos uma camada de pedras contendo uma grande quantidade de irídio. Essa camada está depositada em todos os continentes e mesmo em poços perfurados no fundo dos oceanos. É como se tivesse chovido irídio sobre o planeta.
Mas a espessura da camada que contém o irídio não é a mesma nos diversos continentes. Na Austrália e no Japão, ela tem menos de 1 centímetro de espessura; perto de Nova York, no Caribe e no oceano ao norte das Guianas, a camada é mais grossa, de 3 a 10 cm de espessura. Nas amostras do sul do México ou do Texas, a grossura da camada dessa “chuva de pedras” é de alguns metros. Mas basta chegar à península de Yucatán e a camada acumulada é de dezenas de metros. E o que você encontra exatamente no centro da região onde a camada é mais espessa? Um imenso buraco redondo, a cratera de Chicxulub.
Ela é enorme, 200 quilômetros de diâmetro. Os geólogos acreditam que a cratera tenha se formado por causa do impacto de um meteorito de mais de 10 km de diâmetro. São as pedras e a poeira (contendo irídio) levantadas por essa colisão que choveram sobre todo o planeta. Foi o fim dos dinossauros.
Soterramento e fome. Tudo bem, dirá seu filho, mas como morreram os dinossauros, cobertos de pedras? No México, talvez eles tenham sido soterrados, mas no resto do planeta eles provavelmente morreram de fome.
A análise dos outros componentes dessa camada de irídio conta o resto da história. No fundo dos oceanos, exatamente na mesma época, a velocidade de acumulação de um composto chamado calcita caiu drasticamente. Ela é sintetizada por pequenos animais marinhos, que combinam o cálcio e o gás carbônico. Os esqueletos de calcita desses animais se acumulam ao longo de milênios, formando grandes montanhas no fundo dos mares, os recifes de corais.
A drástica diminuição na velocidade de deposição de calcita sugere que grande parte desses animais também morreu logo após o impacto do meteorito. Os corais morreram porque se alimentam de algas microscópicas e não havia algas para comerem. E essas algas deixaram de existir porque ficou impossível fazer fotossíntese, como indicado por uma grande alteração na distribuição dos isótopos de carbono nessa época.
O que os cientistas imaginam é que a poeira e os resíduos do impacto do asteroide tornaram a atmosfera opaca por décadas, bloqueando a luz solar. E, sem luz, todo o sistema de produção de alimentos, algas e plantas terrestres parou de funcionar. Sem vegetais para comer, morreram os herbívoros; sem herbívoros para devorar, morreram os carnívoros, entre eles o preferido do meu filho, o Tiranossauro Rex. Foi o fim dos dinossauros e início da expansão dos mamíferos.
Esse acidente planetário mostra quão efêmera é a vida no nosso planeta. Um dia, os dinossauros dominavam o planeta; no outro, estavam extintos. Mas também demonstra o poder de recuperação da Terra. Milhões de anos depois, uma nova leva de seres vivos se espalhou pelo planeta, e o lugar do Tiranossauro Rex foi ocupado por um predador ainda mais perigoso, o Homo sapiens.
(O Estado de S. Paulo, 1º abr. 2010)
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